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terça-feira, 13 de julho de 2010

Adocionismo



Adocionismo (AO 1945: adopcionismo), também chamado de adocianismo, é uma visão teológica do Cristianismo Primitivo, que professa que Jesus nasceu humano, tornando-se posteriormente divino por ocasião do seu batismo, ponto em que foi adotado como filho de Deus. Esta é uma das duas manifestações do monarquianismo; a outra é o modalismo, que trata o "Pai" e o "Filho" como dois modos do mesmo sujeito. O adocionismo entende que Cristo, como Deus, foi feito Filho de Deus pela geração e pela natureza, mas Cristo, como homem, é o Filho de Deus apenas pela adoção e graça, dispensada no momento de seu batismo.

O adocionismo é próprio do pensamento cristão primitivo. Havia, ao menor, duas concepções mais ou menos semelhantes (não necessariamente opostas) as quais devem emanar do seguinte:

No pensamento judeu, o Messias é um ser humano eleito por Deus para levar adiante sua obra: tomar os hebreus (um povo até então derrotado várias vezes por inimigos poderosos) e elevá-los por sobre todas as nações em uma espetacular inversão da história. Neste sentido, o Messias não é um Filho de Dues.
Na tradição grega existiam heróis elevados à condição divina depois de extraordinárias proezas ou façanhas, por meio da apoteose. O mais importante exemplo disto é Heracles, que depois de ser queimado vivo, é tomado por seu pai, Zeus, para governar ao seu lado. Devido ao predomínio do Império Romano, cuja orientação cultural era predominantemente grega na época dos primeiros cristão, é altamente provável que este exemplo estivera ao seu alcance.
Ao mesmo tempo, o adocionismo era psicologicamente interessante para os mesmos cristãos, já que estes eram uma comunidade pobre e atrasada, sendo fácil identificar-se com um herói como Jesus, ser humano qualquer que é eleito ("adotado") por Deus, e que dava esperanças de salvação aos próprios cristãos, tão humildes diante de Deus quanto seu herói máximo.

Um dos adocionistas mais famosos foram Teódoto o Curtidor, habitante de Bizâncio, que levou a pregação desta doutrina a Roma no ano de 190. ambém durante o século II, Paulo de Samosata e os seguidores do Monarquianismo expressaram visões semelhantes. A crença foi declarada herética pelo Papa Vítor I.

Uma segunda onda do adocionismo, chamada Hispanicus error, no final do século VIII, foi sustentada pelo Califato de Córdova e por Félix, bispo de Urgel, nas planícies dos Pirineus; Alcuin, líder intelectual da corte de Charlemagne foi chamado a refutar ambos os bispos. Contra Félix, ele escreveu:

"Como o Nestorianismo impiedosamente dividiu Cristo em duas pessoas por causa das duas naturezas, o vosso desconhecimento temerariamente dividiu-O em dois filhos, um natural e um adotivo".
O monge espanhol Beato de Liébana, junto o bispo de Osma, Etério, combateram o adocionismo, altamente defendido por Elipando. O credo foi condenado pelo segundo concílio ecumênico de Nicéia (em 787). Nos anos 794 e 799, os papas Adriano I e Leão III, condenaram o adocionismo como heresia nos sínodos de Frankfurt e Roma, respectivamente.

Uma terceira onda se deu com o "Neo-adocionismo" de Abelardo, no século XII. Posteriormente, vários modificaram as teses adocionistas no século XIV. Duns Scotus (1300) e Durandus de Saint-Pourçain (1320) admitiram o termo Filius adoptivus, num sentido qualificado. Em mais recentes tempos, o Jesuíta Vasquez e os luternos G. Calixtus e Walch, defenderam os adocionistas como essencialmente ortodoxos.